E depois dos olhos me fitando, sem fim...tantas coisas boas...
Até que um dia ao amanhecer, não consegui carregar a página de minha vida em que se encontravam os olhos daquele ser, que entrara de forma surpreendente, fascinante e inusitada no meu perturbado cotidiano.
Com minha incerteza, pipocavam na alma, infinitas dúvidas, de todas as espécies.
Primeiro pensei que ele pudesse ser um ilusão virtual de minha já atrapalhada mente...e acabei me dedicando a vasculhar arquivos em que sua imagem, suas palavras e todo o indício de sua existência me confirmassem sua veracidade. Me confirmassem que ele era real, e não apenas virtual. Que ele era também de carne, osso, pele e perfume, e não apenas olhos estonteantes, voz inebriante...
Vasculhei as palavras que havia recebido dele, como quem investiga um crime perfeito. E depois disto li as entrelinhas, dele e as minhas, e tudo de novo, uma, duas, três, mil, vezes...Chequei cada milímetro de suas imagens...toda a possível subjetividade de suas expressões...e repeti, em grande tiragem, no meu pensamento, cópias e mais cópias das mais fortes lembranças que tinha dele: a mais remota, as primeiras palavras, as que mais me balançavam. Repetia sua voz no meu ouvido, como quem escuta insistentemente a mesma canção...
Meus olhos repetiam, como num filme cada gesto, cada um de seus movimentos...
O forte olhar...
a boca num sorriso safado do lado direito...
Desenhei seus cabelos diante de meu olhar N vezes, e pensei , nas loucuras que lhe dissera...
Como de praxe, pus a culpa nelas, nas loucuras...só não sabia se de fato havia errado: por expô-las ou por guardá-las...
Depois me detive em pensar em sua panturrilhas, e no instinto de tê-lo de volta, pelo menos ao alcance de meu olhar, imaginava-me mordendo-as...e isto eu nunca lhe dissera...
...e se eu não tivesse mais oportunidade de lhe ver?
...e se ele nunca tivesse existido?
...e se ele não fosse nada daquilo que eu enxergara?
...e se minhas, suas, nossas loucuras jamais se realizassem?
Ele era já parte de mim...
Independente de voltar a aparecer no meu mundo virtual ou de um dia surgir respirando, naquilo que chamamos de realidade!
Ele não sabia (eu acho), mas havia adquirido a capacidade de fazer meus sentimentos bailarem como a maior e mais brilhante estrela no mais alto e colorido céu .
E o meu maior medo agora era o de descobrir que ele não existia na tela do mundo real como eu o percebia na tela de meu mundo virtual.
Que ele não fosse a obra de arte que eu pintava na tela de minhas insanas e surreais íntimas idéias...
Algo acontecera, e mais uma vez eu acreditava que a culpa era minha...ele não podia ficar unknow justo naquele momento, e eu não podia perder o sinal daquele ser...perder a luz do seu olhar era me perder de vez, mais uma vez...
... se fosse preciso eu vasculharia o mundo para reencontrá-lo...
CONTINUA COM CERTEZA
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Este devaneio está intimamente ligado ao post anterior:
Que por sua vez faz parte de uma série de devaneios:
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