sexta-feira, 7 de maio de 2010

slow tupiniquin's food

Sabe aquela inevitável mania urbana de comer rápido, sem mastigar a tempo?
De trocar o devido almoço pelo salgado na esquina?
Deixar que o prazer, e a necessidade sufocante de viver, falem mais alto?
Faz muito que sou adepta deste sistema..
Não o fast food...
Mas sim o the flash's tuniquin's (baratim) food...
O joelho gordurento...
O podrão delicioso como cafajeste rodriguiano...
A coxinha graxenta...
O pastel do china...
e aquele sanduíche enrolado no papel alumínio que sai de dentro do isopor encardido...

A lista aqui poderia ser bem maior e quem estiver lendo pode completá-la ao seu bel prazer...

Salmonelas a parte
sempre amei tudo isto...
Com o mínimo de carne vermelha possível, por favor!

Estas guloseimas nunca me fizeram mal algum...
Pelo menos nada que fosse percebido no hemograma rotineiro...

Sempre odiei aqueles jantares que servem o aperitivo,
depois de duas horas vem a entrada,
que não sacia a fome nem do picachu que vive no buraco da impercepitível cárie...

Quando aparece a sopa de entrada ...
até se pensa que aquilo é o prato principal ...
e nada mais interessa
nem o gato cinematográfico com olhar de Fábio Assunção,
charme de George Clooney.
Nada de papo...
só quero matar quem me mata...
como num orgasmo indecoroso,
de amante enlouquecida que reencontra sua paixão quatro anos depois...

A sopa...
que delícia!!!

E a cada colherada você percebe que nunca havia sentido o prazer inerente ao caldo de uma sopa...
ao queijo derretido
o pão amolecido...


Alguém pergunta:
"Vinho ?"

É claro que você não vai parar este orgasmo estomacal para mergulhar num verborrágico debate a respeito de vinhos
SUAVE NÃO!

Tudo que não quero suavizar é este prazer...
O clássico,
o básico :
TINTO SECO ...

E ao chegar o vinho...
ah...o mundo ao redor vai ganhando sentido ...
ou ao contrário:
perde todo o sentido ...

E o vinho?
E a sopa?

E os papos balbuciados ao redor
como mariposas coloridas
falando mosquitês ao pé de meu ouvido

cal-ma-men-te

como se o mundo não mais

exis-tis-se

como se nada mais importasse...


De repente ...tudo...
mas tudo ao redor tem seu valor...
tudo é belo!!!

Cada detalhe!
Cada palavra é saboreada com a sutileza da colherada da sopa fumegante...
do gole do embriagante vinho...


Adeus fast food...
Adeus!


Eu quero o prazer tântrico de comer com calma...
Mesclado a alegria da gastronomia mediterrânea...

slooooooooooooooooooooooooooowwwwwwwwwwwwwwwww fooooooooooooooooooooooooodddddddddddddd

e ao soletrar em pensamento fooooooooooooooooooodddddddddd

percebo que já tomei 3 pratos de sopa...
saciei toda a fome de entrada...

Embriagada logo após o prólogo...
muito ...
mas muito antes da sobremesa...

já não sei o que dizer...
pessoas maravilhosas ao redor ...
e nenhum apetite...

o prato principal?

não!
não precisa ...

vou embora!

Como assim?

abandonar o jantar nas preliminares?

Mas e o bonitão cheio de chaaaaarme? vou deiixá-lo para a loirosa? assim de mão beijada?



Volto ao vinho...
meu olhar percorre a sala de jantar ...
faz a volta na mesa ...
O gato com olhar de Fábio Assunção me olha...
sorri!


Nossa ...Você está mal...

Como assim mal?

Eu estou ótima...

Aquela sugestão ...
embriaga mais que o vinho ...

E se eu não for embora ela vai persistir...

Eu devia ter ficado só na sopa...
e com os olhos dele no lugar das bolotas de agnolline...

tarde demais...
a loirosa o abocanha...

enquanto como revoltada a janta insosa, que todos elogiam
e depois engulo sem apetite o gelado sorvete industrializado
misturado
a azeda mousse de maracujá...


eu sigo com o vinho...
e pensando que delícia que é o slow fooood

nossa foood.
food
fu...

demorei tempo de mais no jantar inconsequente
na sopa tântrica

nos movimentos sustentados
e leves...

vem mundo louco
de fast food

saio a francesa
vou embora sorrindo para tudo ...
lembrando da sopa
arrependida por não ter abandonado o jantar nas preliminares..
e ter ficado apenas com a lembrança platônica do garoto de olhos azuis

Na esquina peço um joelho
frio
meio borrachento...

bem vinda a realidade

reality food

reality food

slow food no buteco...
o cara pensa que estou drogada

"Esta tomou ácido..."

eu leio seu pensamento...

"Não! Foi só uma sopa com vinho."
- respondo telepáticamente, mastigando com toda a calma do mundo ...

Pisco o olho para o garoto
que não entende nada

Apartir de hoje...
aderi ao slow tupiniquin food...

Dioníso, rogai por nós!!!
E Shiva também!

Simples prazeres da vida
no aperitivo
na entrada
no prato principal
no buteco da esquina


ou na piscadela
displicente...

e na saída tupiniquê a francesÁ ...

sim a vida é bela!

mas as vezes seu prazer está na entrada e não no desejado prato principal...

AQUELE ABRAÇO!!!