sexta-feira, 31 de outubro de 2008

halloween...em mim




Madrugada vazia em sexta feira de halloween...
quietamente perdida no caos fascinante do tropicalismo sul americano.
Melhor seria soltar a bruxa, pegar minha vassoura e sair voando...

Por aqui ...

por aí

e vapt ...

e vupt...

Deixar a abóbora na encruzilhada para ver se vira nave transcedental de última geração,
sem necessidade de madrinha,
fada,
condão...
apenas meu ritual
gaúcha a rodar sua baiana ,
de nome chave,
sem suspiro ou vacilo, (lentes de contato-OK)
cinto e pronto
Pega de primeira, não precisa combustível... e se vai!!!
(sem necessidade de IPVA, CND...e siglas a pagar e ainda com som ambiente de qualidade).
Tô perdida ... lá vou eu pela rua para ver se lá fora há algo que possa preencher o vazio IN que inexplicavelmente me completa...



a praia... o chuá chuá chuá...

rima com meu nome...





vejam só! tem alguém a me chamar!



Fala, pode falar...

loucura...

esquizofrenia!!!



ouço tanta coisa que nem me atrevo a acreditar...
nomes perdidos em meio a espuma...
quietude, tem mar no nome... bobagem!!!



Sossega guria!



Silêncio ...



que pedaço ...
calma!
Pedaço de mistério,
hum... fatia de encanto: fascínio!
ansiedade a ser saciada ,
fome...?
talvez!!!



sim

não

não sei

depende...

È isso que dá não querer encher a cara
abandonar as loiras geladas
os cowboys
as caipiras
entorpecida com suas estonteantes e fantásticas utopias já estaria no além mar...

mar...
mar...

mar... o que é que eu ia dizer?


Não...não digo! quando quero mesmo, não sei ser direta!

incomoda!!???
Se todo o incômodo fosse assim...
Ansiedade nevrálgica e estomacal de madrugada...

Dureza mesmo é já não ser a primeira amante do amante número um!
Não vou negar ...sem ele as noites ficaram estranhas...
eu achava que nem o amava tanto assim
que tudo era flerte na solidão da madrugada virtual, entre palavras, teclado, tela, sonhos... seu aroma quente a me arrebatar!!! Foi triste abandonar meu mouro companheiro de longa jornada noite adentro
sem palavras ele preenchia minhas idéias e sensações
mas não quis mais saber dele
entre a morte da antipática gastrite
e nosso devasso amor boêmio...



Perdão!
Optei matá-la...
destruí nosso triângulo amoroso...
não havia como matá-la sem te abandonar!!!
E agora cá estou...
sem ela a me corroer
sem nosso romance quieto a me excitar
sem teu sussurro aromático, sedutor!!!

minhas idéias brancas
minha cuca quase vazia
sem teu fog a noite perde sua melodia
é como violão calado
teatro fechado



Vou virar santa...não é possível... e não será Maria nem Joana...
sem café só falta mesmo deixar o corpo
abandonar-se

grau de tensão zero...

e o corpo inerte prá lá

e prá cá...

uau!!!

Vou sobreviver!!!



Meu olhar perdido observa o mar
como índia
tupiniquim
carijó
olhos fixos no horizonte
onde estão as velas em alto mar?

cadê a cafeína?
a larica?
o chocolate?
não é possível, vou virar gente normal...
ou quem sabe lenda urbana
dom para transcender...

loira burra?! não, obrigada!!!
Mas uma e outra ilusão por que não???
com ou sem bruxas...
boas ou más...

happy end...
end..end..end...

que besteira end é o fim!
todos fins tem os seus meios,
e cuidado para não se perder nos meios e não alcançar os fins!!!
a conseqüência do fim é o começo!!!
logo ali ... renovação...
e assim sendo,
lá está o outro lado da razão

de razão não tem nada,
tá mais para emoção

tranquilidade provinciana
cosmopolita loucura
tenho mesmo que sair deste haloween insensato que armei em mim mesma ...
Mas e a cova dos leões cadê?

E as rotas... e eu?
e as bruxas?
e o ritual ? e a abóbora...?

sem cafeína aguardo a época do morango com chantily...

É isso... adeus ao café com gastrite !
Apartir desta noite solto as bruxas presas na barriga
vou deixá-las partir...

e que venham os morangos com chantilly!


Quer saber, vou dormir, pois a abstinência, do café e de tantas coisas tá fazendo efeito!
batuque de tamborim!!!

seja como for, seja o que for



" a minha alegria atravessou o mar e ancorou , na passarela..."








Aquele abraço...







_________________________
sabe como é as imagens saem do google:
http://faubin.quadrinho.com/wp-content/uploads/2008/01/cafe.jpg
http://versus.blogs.sapo.pt/arquivo/Morangos.jpg

sábado, 25 de outubro de 2008

Duvidosas Certezas



Olho pela fresta da janela apenas para ter certeza que a sonora sinfonia que chega aos meus ouvidos não é um sonho.
Chove a cântaros!
Dúvida.
Devo levantar ou seguir deitada!?
Ao meu lado a mochila parece querer dizer-me algo! Quase pronta espera cumprir sua nobre função de pôr-se junto as minhas costas em movimento, por terra ou por céus, para o norte ou para o sul.
Tirando a fúria oscilante da chuva o silêncio reina.
Em meu íntimo como de costume há um certo caos: burburinho de aeroporto em véspera de feriado. Uma conferência de opiniões diante do guichê que me encontro parece querer decidir algo. Basta uma mirada e pronto todos se calam.
Vou viajar sim! Apenas troco o destino e o meio de transporte.
Não queria ir...
E a negação não era de inércia, ao contrário de medo...
E assumir isto é o que me dá raiva!
Medo!
Medo de que meu Deus?
Finjo não entender a resposta que me chega...
Desconverso!

Olhares maliciosos e piadas inconvenientes...
Eu sei que falaria em poucas palavras o que tenho engasgado na garganta como um enorme sapo...
Desconforto geral...
Perguntas que eu me negaria a responder, e pronto...
Para não explodir no momento inoportuno, o sapo daria lugar a um elefante.
Ainda bem que chove...
Certeza...
Eu não devia ir!
Momento inadequado para ser verdadeira ou cínica...
Ser boa atriz é atividade que exerço bem nos palcos, mas não na vida...
E assim mesmo, quero sempre a expressão mais verdadeira...
Melhor viajar...
Fico aqui indo onde não posso neste instante ir!
Opto pela viagem na velocidade da luz de meus pensamentos.
Como se pintasse uma tela, principio a viagem transcendental de sábado chuvoso, colorindo lugares, momentos, e pessoas...
Negação!
Não ...
Vontade!
Como se criasse um novo espetáculo vejo surgir personagens, cenários, palavras, gestos...Toda uma atmosfera vai se formando tendo como trilha sonora apenas as gotas cadenciadas de chuva.
Quem se atreverá a dizer que esta não é uma viagem real de fato?
E tudo, exceto a chuva, da viagem de meu espetáculo particular é perfeita...
Não vou duvidar...
Afinal de contas que certeza temos nesta vida?
Eu ontem deitei certa que hoje iria para o sul...
Bastou o tempo impor-se para mudar minha certeza...
Fica apenas a dúvida se eu de fato não deveria ter ido, e se de fato a viagem que empreendo agora na tela de minhas idéias será certeza, ou dúvida...
A resposta?
Deixo com o tempo...
Ele dirá, seja no correr dos ponteiros...
Ou pelo clima que se formará...
A mim cabe correr os riscos...
Querer!
Certeza e dúvida são dois lados de uma mesma moeda, que eu acabo de jogar no ar...
O rumo que quero já percorre as rotas de minhas idéias. Viaja em meu querer!
E querer é poder...
E não querer também...
A chuva...
Eu não queria mesmo ir!
Eu aguardo...
Me aguarde!
Refaço a mochila com calma!
Deixo o medo de fora!
Libero espaço para as incertezas do caminho!
E hoje sem ir, já fui!

Aquele abraço!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Carta de um prólogo de madrugada



Eu escrevo cartas...e enquanto existir neste transitório mundo: caneta, papel e sentimento; pretendo seguir escrevendo-as...Não existe tecnologia que consiga vencer a magia das cartas ... com a trajetória letra a letra no papel...e assim linha a linha, a emoção, as idéias, as narrativas; todas impressas não apenas no papel, mas sobre tudo no ato poético e onírico que é ter a capacidade de por sentimentos e idéias dentro de um envelope...
Melhor que o deleite de escrever uma carta é o prazer de receber uma...é a resposta ... É o ritual que esta pessoa se permitiu para lhe dizer algo ...Mesmo sabendo que o telefone está ali ao alcance da mão, o celular na bolsa e a internet diante de nossos olhos... a carta tem e sempre terá uma energia que não pode ser comparada a nenhum outro meio de comunicação ... ela é emoção e energia ... é comunhão, culto silencioso, pedaço de tempo dedicado... atenção!
Carta respondida é um pedaço de alma que se troca... O dom de trocar cartas é quase telepatia...
E embora esteja eu aqui fazendo apologia a este ato fascinante... não tenho praticado esta arte. Há quase um ano a pessoa que mais trocou cartas comigo nesta vida...foi para um lugar onde cartas não chegam ... e se chegam ...sou ainda incapaz de saber o endereço ...
Volta e meia pego, como que num hábito de muitos anos, a caneta e o papel para escrever-lhe algo sobre teatro, sobre o que estou criando, e anseio saber sua opinião ... Aí lembro que faz um ano que não tenho com quem dividir certos anseios...( e parecia que nos falávamos tão pouco...)Faz um ano que a segurança da resposta é impalpável no meu corriqueiro ato de escrever cartas...
E então me ponho a pensar o que ele me diria diante dos infinitos anseios que tenho tido a respeito da nossa arte e dos caminhos que já não sei se devo seguir... e dos tantos que vejo surgirem ...E é inevitável não sentir pulsar em meu peito a paixão pelo teatro que ele tanto fortaleceu em mim ...
Saber que a aprovação, a sugestão e as palavras não me chegam mais pelo correio me faz sentir um tanto quanto vazia... sei que ele não gostaria de ver o vazio que há em mim fruto desta ausência de resposta às minhas cartas...
Longe de mim querer tirar o seu sossego...
Eu sei que isso é um apego, mas neste prólogo de madrugada não temo esconder os sentimentos, defeitos, fraquezas... e em especial as saudades...ah as saudades...
Elas me aniquilam e me fortalecem numa mesma dose... e entender o que é saudade até para quem sabe o que ela é sempre é algo difícil ...por que cada um tem a sua forma de ter saudade... Bela palavra, praticamente intraduzível , seja para os outros idiomas ou para a ato de conceitua-la diante da imensidão que ela encerra...do infinito de sentimentos que ela coloca em ebulição em quem a sente...
E a minha saudade neste prólogo de madrugada é esta ...a de escrever cartas...a de receber cartas...
Ter a segurança que a carta que vai não é um tiro no escuro, não é ação sem reação...por mais que demore voltará...ainda que as palavras contidas nela fiquem aquém de nossas expectativas ...
Ah Paulo não foram só os palcos que você deixou vazio, deixou também a minha caixa de correios...e fez com que os envelopes, selos e canetas perdessem um pouco da sua significação...
Quanto a mim...me perco na vontade de encontrar significado a tantas e tantas coisas que parecem já não ter significados ...neste prólogo de madrugada de primavera chuvosa ...
_______________________________
A imagem...saiu do seguinte lugar ...

sábado, 4 de outubro de 2008

O que a chuva te diz





Ora...a chuva o que me diz?
diz tanto
muito mais do que se possa imaginar

Bem menos, é o que de fato conseguirei aqui falar...

Mas pode ter certeza
Que muito em mim ela diz

e embora ache que uma pergunta assim não careça de resposta
por que quem pergunta
'o que a chuva me diz'
sabe que chuva fala

e se sabe que chuva fala
já andou conversando com ela
traduzindo seus recados
de 'chuva simplesmente a chover'

E mesmo não vendo
a chuva que aqui está a cair
sabe o que a chuva me diz
E sabe que não existe poeta no mundo capaz de definir
assim em poucas linhas
em tortas e tolas palavras
tudo que a chuva está
agora neste instante a me dizer


Mesmo sabendo
que recado de chuva é coisa séria

me pergunta

talvez inconscientemente

como que para saber
se entendo deste singelo idioma
de falar com chuva
terra
planta
e ar

O que dizer a quem pergunta o que não sei se sei responder?

Pedir desculpas ...?

Ou justificar-se com a impossibilidade de defesa
que habita na indefinição do que tentava definir !?

Lamento
não existem palavras
para dizer
o que a chuva diz
...
Eu aqui tentando buscar a resposta
dançando perdida na chuva
(de minha quase)
inquietante
mas necessária solidão
e eis que surge
o belo relativo
precipitação geradora da minha chuva
'cumulus' indefinível

aparece
como quem em dia de chuva
faz visita de surpresa
vem encharcado
inunda minhas idéias
faz os cachorros latir

E não sei explicar
Tira-me a concentração...
e ainda se atreve a adivinhar
o que estou a fazer

eu no meio de um esforço louco
viro guarda-chuva de mim mesma
me perco
Até esqueço que chove


Chuva...
ah!
é este transtorno
que causa a busca
do que não vou responder

O que a chuva me diz ?
Não me atrevo a revelar


Mas sei que chuva é felicidade anunciada

(é água
e água só não é mais vital que ar
e até ele, o ar,
está ali contido nela)


chuva é mesmo uma loucura
diz tanto
sem nada dizer
ah...hoje estou de folga...

quer mesmo saber o que chuva me diz?
desvende
...

Desafio a quem ficou curioso responder!

______________
Aquele abraço!

LucY
___________________
Chuva na net ...
vale acessar:
a Imagem encontrei no meu google
'querido ' google...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Está em tudo...


De repente parei para analisar a vida como se não tivesse mais nada para fazer numa quinta feira de outubro, como se não houvesse uma montanha de projetos me esperando...como se não tivesse que correr atrás da sobrevivência diária.
Para livrar-me da culpa que já me colocava antes mesmo de me pôr a pensar, decidi que nada era mais importante naquele instante que a minha vida...Pronto! Lá veio o raio da culpa a me perseguir de novo:

' Querida! Hello ! Sua vida não é o centro do universo! Tá pensando que é Deus!?'.

Perturbadora voz...Que clareia meu pensamento, ilumina meu coração vagabundo de artista errante...
Sabe tem dias que sou submissa a tal voz, prudente até...mas naquela quinta-feira de sol dourado que invadia meu fim de tarde tomei coragem e respondi a tal voz de meu íntimo:

"Tô pensando não. Eu sou!"

A voz se calou de repente... acredito que surpresa com minha audácia ...
Quando a voz fez sinal de responder ...f ui obrigada a lhe interomper... ( é um mau hábito meu. ..eu sei eu falo demais às vezes, questão genética talvez, mas isto não vem ao caso) o fato é que a voz queria falar ... e eu não deixei ...
Sou Deus sim, mas não um Deus que culpa, que julga, que tortura... Não sou um Deus que fica num trono gigantesco apenas vendo quem faz o que ele gosta ou não, para depois apontar com seu dedo de criador e julgar os erros da humanidade...
Acredito que sou um Deus como o que descreve o Alberto Caieiro um dos heterônimos de Fernando Pessoa: um Deus que habita em tudo ...
E não sei se alguém me ensinou isso algum dia ou se aprendi olhando para as coisas...mas penso sempre que Deus está em tudo ...e sei que tem gente que não lembra disto, que não se fortalece com a idéia do Deus presente em si...pois é bem mais simples crer que Deus está lá longe...Crer que não teremos força!!! Lamentar a Deus...
Creio em Deus como luz, como a essência de cada coisa... talvez induzida pela força de meu nome me permito sim acreditar na minha vida como um rastro de luz...E se não me sinto assim em geral prefiro me isolar para restaurar a minha energia vital, e depois espalhá-la saudável aos demais...
Prefiro sempre acreditar que todos nós temos este poder...Não gosto de olhar para as pessoas para enxergar apenas seu lado sinistro...prefiro crer no belo, não no belo superficial, mas no belo que há na profundeza de cada ser... Pensar que tudo que vivo é aprendizado!
É claro que só por que estou aqui escrevendo isto não quer dizer que eu seja uma pessoa perfeita, mas busco a perfeição a cada dia. Não a perfeição doentia, que transforma as pessoas em máquinas, que domina seus cotidianos vazios de mesmice em meio a seus repetitivos afazeres...Perfeita por que sou compreensiva e por que meu sorriso permite sim refletir um pedaço de minha alma espalhando aos outros um pouco da minha alegria de viver.

Não vou negar o lado humano do Deus que há em mim...pois ele é um pouco como os Deuses da mitologia greco-romana, que faz suas estrepolias que tem sim seus defeitos...Não vou me eximir do desejo incontido que tenho de querer transformar o mundo num estalar de dedos ...da ansiedade de alcançar utopias, do meu lado platônico...do meu lado volúvel que clama por mudanças rápidas. Também não nego o lado discretamente irresponsável de afastar-me do trabalho para filosofar sobre meu EU como se não houvesse uma infinidade de tarefas a serem cumpridas...
Mas pensar na vida é crucial... Crer na força do Deus que há em cada um de nós também...

Acabei por perceber que a voz contestatória que duvidava do Deus que havia em mim se calou...
Ouvi apenas alguns aplausos à minha calorosa filosofia existencial ao entardecer desta quinta -feira do início de outubro... depois o silêncio voltou...e foi como se minha alma tivesse sido lavada com um delicioso perfume...
Inexplicável comecei a senti-lo no ar: flor do campo eu acho...cheiro daquelas flores amarelinhas de minha infância, distantes primaveras que ainda habitam alegremente em mim, onde para toda e qualquer dúvida desfolhava o 'bem me quer ' 'mal me quer ' ...
Quer saber? Vou sair para ver o mar depois volto as tarefas mundanas...com a alegria de viver de nome Deus que há mim e em tudo...

Aquele abraço!!!
____________________
Imagem proveniente daqui: