sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sem Backspace


Voltar?
ah isso nunca...
Não volto atrás mesmo!
Voltar para buscar o guarda chuva,
voltar para pegar a velha roupa de ensaio,
ou o lanche que deixei em cima da mesa...
voltar por causa do casaco...
Dos óculos, da maquiagem...
Não!
Voltar não é comigo!
Andar para trás não faz sentido
para o meu sentido de andar!

Mudar de opinião...
até mudo...
Mas voltar atrás...
não volto!

A tecla backspace resume-se ao computador
jamais à vida
e mesmo assim faço um esforço sobre humano
para utiliza-la o mínimo possível...

Agora se a idéia for justamente deslocar-me para diante
'Em frente Marche!'
Não vou nem pestanejar!
E não preciso estar de malas prontas!
No máxima me pentear!

E pode ter certesa que não vou me atrasar!
Isso também não faço!
Demorar para me preparar?
Já me desperto pronta!
E não vou trocar de roupa na saideira...
Posso até sair incompleta!
Não é bricadeira!
sei que o caminho irá me completar...

Voltar atrás raramente vale à pena
e vacilar na saída
é não acreditar
é duvidar!

Agora se você me disser:
espera aí um pouco!
eu espero
até canso
mas só um pouco
pois esperar muito
é quase como retroceder.

E sei que o meu 'pouco' esperar
é quase sempre maior
que o de meio mundo
e mesmo assim espero
em geral acredito
Acreditar é tarefa que exerço com propriedade


Mas não vá pensar que sou boba
que vou ficar à toa
apenas a esperar...
Na espera também ajo
pode ter certeza
e não adianta querer me enrolar

espero impaciente sem titubear
até por que se não esperar...
terei de voltar!
ah e voltar...
voltar eu não volto!
não adianta nem tentar!
Se for por um abraço...aí posso relevar!
Aquele abraço...
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Sem vacilar
LucY

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Reflexões de início de primavera




É engraçado que às vezes sejamos insuflados a pensar em coisas que são de suma importância para nossa vida justamente por pessoas que pouco nos conhecem. Embora eu acredite que o fato de conhecer alguém não está ligado ao tempo de convivência; pois tem gente que passa a vida ao lado de nós e não nos decifra, não nos lê. E de repente, do nada, inesperadamente surge alguém que praticamente nunca te viu, e toca direto no ponto nevrálgico. Mesmo sem olhar nos teus olhos, mergulha na sua alma, e percebe justamente aquilo que os que estão a sua volta nunca perceberam. E estas pessoas parecem seres mágicos, mas o mais genial é que são de carne, osso e sentimento como a gente.
E são justamente estas pessoas sensacionais que dizem algo que acaba por tirar o seu sono. Não tirar o sono para “remoer pequenos problemas” . Mas sim tirar o sono para te levar aquela reflexão, o mergulho no seu ‘nada sei’, no seu interior...que na verdade é ‘tudo sei’. Pois mesmo que se encontre mergulhado em dúvidas sempre lá no fundo nosso coração sabe o que quer, mesmo sem admitir. E não falo aqui do coração apenas no sentido de ‘amor I Love you’, mas do coração como guia na amplitude de tudo que vivemos e temos por viver.
E assim foi que esta sensacional pessoa me questionou. Aqui nesta descrição suprirei seu nome, ou melhor, substituirei como se fazem naquelas colunas de comportamento de revistas femininas ou de jornais. Dar-lhe-ei o nome de Marco...Pois bem!!!
Marco me perguntou se eu conseguiria viver sem teatro ...E Marco não tem a menor noção do nó que pôs nas minhas já complicadas idéias!
É claro que sei que em geral não sabemos do que somos capazes até sermos impelidos pelo destino a vivenciar.
Mas não foi na hora que a pergunta de Marco fez efeito em mim, mas sim na madrugada. E não foi apenas uma simples madrugada, foi o fim do inverno, despontar da primavera. Madrugada inteira até o dia nascer e dar maior clareza às infinitas questões que surgiram com ’a questão Marco’.
No primeiro momento imaginar isto, foi me ver em carne viva, foi sentir-me sem pele, sem cor, sem essência! Mergulhei em tantas lembranças, fui da minha alegria a alegria do olhar do público. Da sensação do aplauso à da barriga vazia. Das infinitas viagens aos magníficos personagens, do figurino à maquiagem.
Lembrei do quanto bati o pé com minha família (e acho que sigo batendo) por seguir este caminho. Mas nada foi mais forte que a lembrança do primeiro namorado (quando eu tinha 16 anos) invadindo o ensaio de sábado á tarde para me roubar do meio da cena para dizer: “Sou eu ou o teatro!”.
O olhar de todos do ensaio deslocou-se da cena teatral no palco, para desoladora briga de namorados na cabine de som e luz. E entre gritos, beijos, te amos, empurrões...
A última palavra foi TEATRO!
Ele era lindo! Mas não soube me decifrar!Não me arrependi da decisão que tomei. Como em geral não costumo me arrepender das coisas que faço ou deixo de fazer.
Agora estava tentando relembrar o que havia respondido à Marco...
Em questão de meio minuto, creio que lhe disse que NÃO, SIM, NÃO SEI, DEPENDE.
( Ah! Marco aí está o avesso da perfeitinha!)
Na madrugada analisei cada uma das respostas que tive a lacônica capacidade de lhe dar:
-NÃO...Claro que não, pois o que quer que eu viva, independente do que venha a acontecer, o teatro sempre estará em mim. Já corre nas minhas veias, dá cor ao meu sangue de artista, guerreira! NÃO por que onde quer que eu vá sempre haverá uma maneira de estar em contato com teatro, mesmo que não seja como atriz. Pode ser escrevendo, ministrando cursos, fazendo aulas, ou ainda como público.
-SIM, por que sempre haverá arte onde quer que eu vá, por que a arte habita em tudo. SIM, por que não sou uma idéia cristalizada, parada no tempo e no espaço, numa única forma. SIM por que clamo diariamente ao universo que me transporte desta forma que tenho, que sou, à uma nova forma. Maior e mais livre. Olhando por esta ótica conseguiria SIM viver sem o que até agora tem sido a base maior da minha vida. Mas sei também que quando a gente fica sem base tende a se apoiar na primeira coisa que vê!
-Quanto ao NÃO SEI, é por que não sabemos nada nesta vida, e é impossível saber algo por completo sem vivenciar na prática. NÃO SEI, por que nada sabemos do amanhã, por mais que queiramos delimitá-lo, projetá-lo, demarcá-lo. E se por acaso nosso amanhã for previsível, será chato demais. Qual a graça de viver se já soubermos o que vai acontecer?
-Agora quanto ao DEPENDE, tudo é relativo, tudo DEPENDE do como, do onde, do quando. E principalmente do que faria se não vivesse de teatro. E a resposta deste O QUE precisa ser repleta de prazer, de alegria, de vida, de emoção, de aventura e amor.
Pois bem Marco, acho que sua pergunta está respondida!
Caramba! A que reflexão você me levou hein!
O mais incrível de responder a uma pergunta é justamente quando não temos a resposta a ela.
Despeço-me com a melodia de Caetano Veloso nos ouvidos no início deste começo de primavera: “Amanhã será um lindo dia, da mais louca alegria que se possa imaginar...”
Ou não !(para parafrasear um pouco Caetano.)
AQUELE ABRAÇO!

LucY
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A imagem peguei no google:

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Passa Passará...



A vida é a arte do encontro ...disse o poeta, o poetinha que também cantou a beleza da garota "que passa no doce balanço a caminho mar"...
No meu discreto e indiscreto caminhar, às vezes me vejo um pouco assim, à caminho...
a diferença é que na maioria das vezes não estou à caminho do mar.
Passo em mim mesma, suave, num doce pensar.
Observo atenta aqueles que por mim, de alguma forma passam. Os que passam por passar e os que ao passar deixam sua marca...Penso nestas pessoas que encontramos diariamente mas que jamais vão de fato comungar alguma idéia com o nosso 'passar'.
'Tudo passa!' disse minha mãe um dia 'até uva passa...'
Sejam os carros ou as pessoas tudo passa enlouquecidamente. Mas há quem passe como se o mundo fosse uma imensa Escola de samba na Sapucaí em terça- feira gorda de carnaval.
E não há dúvida sempre haverá aquelas pessoas que estarão na comissão de frente, no melhor estilo " Deus disse desce lá e arrasa."
Com esplendores gigantescos de história, haverá em nós espaço para os destaques , e estes, mesmo que nada façam lá estarão a acenar para nossas dúvidas, enlouquecer nossas lembranças...ocupando vários alqueires de nosso sentimento.
Tem também um bando de gente que surge em nossas vidas, como ala coreografada: alegre, divertida, encantadora...mas igual e previsível. Na prestação de contas a gente nem lembra quem eram estas pessoas. Lembramos apenas dos momentos que elas passaram conosco, e tão previsívelmente vivenciaram aqueles instantes. Guarda-se a coreografia, esquece-se a fisonomia.
Estonteantes são aquelas pessoas que vem em nossas vidas como a ala das bahianas: imprescindíveis ao sucesso do desfile de nome vida, mas trazem vertiginosas consequências. Passam rodando e deixam no olhar e nas idéias um giro indecoroso, que no menor ruído reacende-se e incendeia tudo dentro e fora da gente. Fazem um verdadeiro carnaval com nossos sentimentos, picantes como acarejé!

Na ala da comunidade, vem aqueles que você vê, e convive. Os que estão sempre ali, mas você não dá a mínima.
A ala de turistas... movimenta-nos fora do rítmo, sacode os pensamentos. Esta ala te chama de tupiniquim, numa língua que você nunca irá entender e você ainda se sente lisonjeada. Esta ala geralmente tem olhos claros e passa rápida, sorridente e descompassada...literalmente fora da batida do seu samba, mas passa, e a gente dificilmente esquece...

O terrível são as pessoas que passam na vida da gente como bateria, colocam-se retumbantes no recuo do seu coração e quando se vão deixam uma batida enlouquecida que permanece.
Terão ainda aqueles casais de mestre sala e porta bandeira, que farão sua evolução, fazendo sua cabeça ficar torta de tanto observar seus breves e exímios rodopios... Serão o exemplo ...mas passarão!
Para as mulheres o terrível é lembrar que sempre haverá em suas vidas o raio da madrinha de bateria...que com sua infernal perfeição leva a bateria da gente para o recuo, e depois ainda vai embora, alegre e contente, carregando de nossas vidas a deliciosa e retumbante sensação rítmica, a razão de ser, o entusiasmo. Para os homens ver a madrinha de bateria da vida passar é o auge, é a jóia maior do criador personificada em carne osso e pecado. E quando ela passa na vida de um homem...é pior que trio elétrico de pré carnaval fora de época...Por que a madrinha...é tudo, e mais um pouco! É veneno e antídoto na mesma dose. E nada fará que ela passe, ela sempre ficará, com seu rebolado que é quase um poema, com seu riso impregnante, fascinante...E ainda por cima sem celulite aparente.

Lá no fundo, em lugar especial, passarão os que ajudaram a construir seu caráter, que adubaram a sua essência: a velha guarda. Vivida e sábia!!!

Como todas as coisas...

Como todas as pessoas...

Tudo passará!
Mesmo que passar não signifique nada!

Sempre haverá o transeunte de belos olhos, a patricinha, o mendigo, a espalhafatosa, o carro importado, o turista clichê... E eles todos passarão!!
E terão os que sacudirão nossas idéias, até enlouquecernos inconscientemente, como o samba enredo de escola campeã do segundo grupo que inesperadamente faz levantar a arquibancada.

E entre infinitos rostos e palavras que passam no mundo real ou virtual...algum sempre ficará!
E depois de tudo isto ainda há a certeza de que há outra escola de samba ali na concentração aquecendo os tamborins, e com a idéia fixa de arrasar em sua passada...
E quando tudo acabar...uma certeza há de restar...outros carnavais virão!!! E eles assim como nós também vão passar...
E se agora eu passo! E que seja em grande estilo...
Com todo o feeling necessário à fazer de minha vida, e das que pela minha passam um desfile de arrasar!!!
E espero que minhas palavras não passem como amor de carnaval. Espero que minhas palavras enviesadas virem marchinha de salão para por muitos e muitos carnavais aquecer o coração daqueles que por aqui passarem...

Pronto demorou mas passei...

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LucY passando...

Aquele abraço!!!

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A imagem foi retirada do site:

http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.danecommodities.com/images/bulk/large_nts_raisins.jpg&imgrefurl=http://www.muitogostoso.com.br/informacao/view/Creditos-de-Fotos---Ingredientes-N---Z/&h=427&w=372&sz=44&hl=pt-BR&start=4&usg=__jxcy3LQGyBsYfyjEn-P1ELt2ilo=&tbnid=9T34oy7PKeMLsM:&tbnh=126&tbnw=110&prev=/images%3Fq%3Duva%2Bpassa%26gbv%3D2%26ndsp%3D20%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DN

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Eu Parodoxo




Estava pensando como me definir...
E o melhor que fiz foi descobrir que sou indefinível...
é extremamente difícil definir o indefinível ...
Na busca de um adjetivo especial
de um conceito genial
de mim para mim mesma..
me pus a pensar...
e entre idas e vindas,
pessoas, cidades, lembranças e momentos virtuais...
Fui encontrando pedaços do Mosaico LuCy...
tão variado e complexo!!!

O "work in process"...
a obra inacabada,
a obra em constante construção...

um pedaço de mim é pura aventura
e outro clama incessantemente por estabilidade,
e não sei viver sem nenhum deles.

sou doçura e amargor na mesma dose!
whisky cowboy no meio da madrugada
suco de laranja ou leite com nescau ao amanhecer!

Amante da noite...
parodoxalmente apaixonada pela luz do sol...
e tanto uma praia como uma biblioteca me fazem feliz...

volta e meia faço da praia minha biblioteca...
embora acredite que minha praia mesmo é estar entre prateleiras gigantes de livros!!!

Leio muito
não apenas as palavras do livros que carrego comigo ,
mas também as palavras secretas do livro sem palavras que ELE construiu para mim
e para todos,

( eu percebo desta forma pois só eu tenho o meu olhar...
este olhar)

sou um pedaço do caos em meio a paz
tranquilidade absurda em meio a baderna...

sou a força e o medo
flor do campo e cactos

movimento
inerte no ar
salto indecoroso


furacão e bonança

tecnologia
e simplicidade

café com pão
nutella alemão

sou um sem fim de coisas diferentes
paixões infinitas
amor pueril

a dramática
a cômica

cosmopolita que anseia (volta e meia) o bucólico entediante
provinciana na medida
moderada com razão
apaixonada sem por quê
Uma maluca séria
fascinante
interessante...

Doce dulce dolce


uma loucura ser eu
sou tudo...
quase nada!!!

LucY para os íntimos...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Pedir socorro e socorrer...


Desde a última postagem para hoje percebi que os abismos as vezes tendem a ser maiores do que pensamos...e que a mão que acreditamos que irá nos socorrer nem sempre é a que estende-se para ampararnos. As vezes impelidos pela força do salto, na loucura incessante de pensamentos mil que nos invadem, sem sequer termos tempo de pensar que o salto pode nos conduzir não para sermos socorridos, mas sim para socorrer! Quando isto acontece é quase como se o salto invertesse e a terra virasse de patas para o ar. O mundo ficasse ao revés. Criamos expectativas, e delas colhemos angústias, e das angústias nos resta apenas caminhar para a dor...mas quando as coisas se invertem...as dores que tínhamos, os problemas que ilusoriamente construimos para sermos as vítimas de nós próprios, os esquecidos do Deus pai, ah...elas se vão, se esvaem sem mais nem menos...como se o fim do salto fosse um espelho de inversões, onde não mais vemos a nós como queremos e somos, mas distorcidos pelas circunstâncias de que o mundo é sim melhor do que cremos. E que a nossa vida por pior que seja está sempre bem melhor do que a de meio mundo...
Além do mais as ilusões fazem parte...Não me refiro apenas as amorosas, até por que tenho tido a sorte (ou não) de não ter desilusões nesta categoria. E isto por si só, sem sombra de dúvidas, já seria mais que um motivo para preocupar-me, pois se não as tive é por que não amei o suficiente, só se desilude amorosamente quem ama...mas não pretendo aqui problematizar a desilusão que não me veio...só queria mesmo dizer, que é necessário jogar-se, quando der vontade, jogar-se não apenas por jogar-se, pois aí não vale a pena... é como comer por gula...mastiga-se pela saciedade e não mais pelo sabor...Jogar-se para ser inteiro, jogar-se para desarmar-se, libertar-se...para agir, viver...não deixar-se morrer aos poucos ...Jogar-se por que a vida é jogo!E jogue-se ...
um pouco samba,
um pouco tango,
e vez ou outra funk...
Não faz mal a ninguém ... sem jogo de cintura não dá...


Vez ou outra mparando
ou socorrendo
infinitas são asvias que a vida nos propõe...
jogue-se...
e veja no que vai dar...

Fui
pois´já está mais que na hora de me jogar na cama e curtir aquele sono!!!
Aqueles sonhos...

amanhã realidade...
por hoje me despeço com aquele abraço ... pois ele é ótimo para quem socorre e para quem é socorrido!!!

Bye...

LucY GucY
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Imagem foi retirada da internet