Uma roupa de frio outra de calor, roupa social, roupa de banho e peças íntimas.
Uma fotografia e um cristal, como amuletos e companheiros.
Algum espaço para os sonhos...
Já ia me por em movimento, não mais perdida mas certeira no alvo que eu acreditava certo.
Calcei as botas peguei a bolsa e já estava de saída ...quando começou a soprar um vento ensurdecedor...Uma tempestade batia a minha porta, cinza...
não tive medo...
queria mesmo era enfrentar aquele vento de braços abertos e rodopiar na ventania ...louca, desvairada e feliz.
Quando ouvi a voz do computador, a atualização havia acabado.
Já?
E a voz gritava pedindo notícias:
“me fala tudo”
Como que eu ia dizer tudo.
Eu estou de partida! Era só o que queria dizer...
Estou correndo agora alucinada no meio de uma tempestade multicolor ...Como se dançasse a valsa das flores.
Quebrando os obstáculos em forma de nozes pelo caminho.
Respirei fundo...
Uma pequena luz ao canto do computador piscava incessantemente pedindo que recarregasse a bateria.
Que se esvaia.
Os lábios do outdoor gigante agora apareciam numa pequena janela de minha minúscula tela.
E a voz avisando que as atualizações já haviam sido feitas e que eu devia reiniciar o computador ...
E o vento cada vez mais forte ...
Chuva...cinza.
Poeira quase marrom...
Na estrada o vento levantava uma areia de cor que variava entre o ocre e o vermelho ...
Uma janela começou a bater...
E a outra pequena janela se abriu no canto do computador
Pedindo novamente que eu falasse tudo...
Ai que vontade de dizer tudo...tudo mesmo...
Mas o momento ...
a luz seguia piscando
e o vento
e a janela batendo
antes de fechar a janela que continha a mesma propaganda do outdoor de meus sonhos, devaneios.
Percebi que as palavras não estavam mais em francês
Tudo era muito claro
Um raio clareou o horizonte de mim mesma
E tudo lá fora ...
As palavras que me chamavam agora não vinham apenas dos lábios do outdoor minimizado.
Vinham do canto da tela
Eram virtualmente reais?
Eram de quem eu pensava?
“Fala tudo.
Assume a loucura...”
Era isto que eu queria ouvir.
Mas enquanto a voz que me dizia isto,
outra falava de atualizações .
fala também ...
Não assumia sua loucura e seus sentimentos também...
Espaço apenas para desejos...
Trovão
Escuridão
Meus dedos ainda buscaram o teclado
Para que eu sem medo pudesse assumir a loucura
Que havia em mim
Abrir a caixa de pandora
Do lado esquerdo do peito e deixar
A ventania e a tempestade de mim mesma ser a bonança...
Foi quando percebi
Que a pequena luz vermelha
Como num alerta rojo
Ainda gritava com sede
Ou fome
Ou paixão
Que a recarregasse
O computador desligou
Não podia adiar
Tinha que falar
Tudo que estava engasgado
Peguei o telefone
Fora de área
Sem sinal
E uma duas três vezes
Só pude ouvir
Não adia
E dizer
Não foge
E a resposta
Não vou fugir
Ou seria
Fingir
Seguiu a chuva
E comigo um vazio
Uma dúvida
E novamente a espera
E uma confusão
Eu não podia mais adiar
Nem fugir
E nem fingir
Saí assim mesmo
Em meio ao vendeval
Embaixo da chuva
E que delícia
Naquele momento pensar que quem está na chuva é para se molhar.
Confusão ...
E tudo vindo assim junto como gotas de chuva
“eu eu sei que você sabe quase sem querer que eu quero o mesmo que você”
No meio da tempestade
Legião urbana
Embalava
Meu desespero, minha ansiedade,
Mas desta vez algo era diferente...
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CONTINUA
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Este post está intimamente ligado aos dois
anteriores como se fossem fragmentos de uma mesma história
abaixo o link
na ordem de postagem:
http://www.luciahbrasil.blogspot.com/2011/03/perai.html
http://luciahbrasil.blogspot.com/2011/03/atualizacao.html
Fica a vontade para lê-los na ordem que quiser...
Aquele abraço!!!