Nada de anormal parecia acontecer naquele aniversário...
Apenas o já previsível: ninguém telefonaria.
Nenhuma mensagem via email.
Apenas os parabéns vazios, via ‘redes de relacionamento’
Nem sonhava com cartas ou telegramas...pois há muito já tinha deixado de ter endereço para não se frustrar com o vazio da caixa de correio...
Nada de bolo... para alargar a cintura ou estragar os dentes...
Quase como um consolo, uma obrigação.
Um abraço atrasado após algumas reclamações do tempo-clima.
Mais um ano
Mais um aniversário
Nem amados nem amantes pareciam lembrar a data...
E o mais irônico é que os parabéns via rede social vinham
Dos quase desconhecidos
Parabéns
Felicidades
E o básico
O normal
O corriqueiro
Saúde & dinheiro
Uma falta de criatividade...indecente!
E o que dizer dos Bouquets vermelhos piscantes
com mensagens prontas que parecem derramar gliter para fora do pc
Coisa transgênica
Brega ao extremo!!
Íntimos demais para quem sequer trocou um olhar
In natura...
Depois de revisar os infinitos e mails
E vasculhar todas as redes sociais de que fazia parte
Já estava aceitando o esquecimento...
Deparou-se com um presente pequenino
daqueles virtuais
Exatamente como sonhara
Dentro de uma singela caixinha com laço de fita
De quem?
De um amor platônico e secreto que teve via net...
Um conto de fadas tecnológico...
Era assim que definia aquele amor que já não era
E que dificilmente seria
Lá estava o presente que sonhara
Na caixinha vermelha
Bastava imaginar o que seria
O que enviaria ele dentro daquela caixinha
A caixa virtual que não se abria
E por detrás das fantasias pueris da mulher de meia idade e sorriso fascinante
Sonhos e devaneios
Não sabia o que era receber um presente por isto a incapacidade de imaginar o que poderia conter a caixinha
Pensou, pensou...
Lembrou do mito de pandora...
Melhor guardá-la assim.
Vá que minha curiosidade derrame no mundo minha amargura
E lá se foi dormir sonhando ...
Com a caixa virtual de pandora que seu Marco Pólo havia enviado de terras distantes...
Lá dentro cabia o mundo e um pouco mais!
É bem possível que nem ele saiba o bem que lhe fez...
E o certo é que nesta vida não há certeza alguma
‘E bem possível que jamais saibamos o que está lá dentro daquele singelo presente virtual
Mas o coração daquela aniversariante praticamente esquecida agora bate cheio de alegrias...
Pela certeza de que não foi esquecida...
Que seu presente de laço de fita chegou...e lá dentro pode estar tudo que sempre desejou...
E até o que jamais imaginou ganhar...
Dentro de cada um de nós sempre
Haverá
uma singela caixinha de esperanças para o nos iluminar...